domingo, 28 de novembro de 2010

Dias de guerra para obter a paz

Boa noite!

O Rio de Janeiro vai amanhecer segunda-feira mais leve.

Nesta semana vivemos um clima de medo acima da média. O cuidado que geralmente temos ao andar pelo Rio e por qualquer cidade grande do mundo, teve um acréscimo de terror. Não sabíamos se nosso carro iria ser alvo de molotovs ou se levaríamos uma bala perdida.

Tocaram fogo e terror nessa cidade linda e perdida para o tráfico. Mas era bom ver o carioca seguro, confiante nas autoridades que antes estavam totalmente desacreditadas. Era bom passar por blitzes e entender que o preço de um caos temporário estava sendo pago com gosto.

Hoje ouvi os pássaros cantando nas ruas de Humaitá, vi o povo com carrinho de feira e gente bronzeada voltando da praia. E até os turistas estavam sorrindo, como se deve, nesta cidade maravilhosa de gente que quer ser feliz e continuar a cantar suas belezas e gingar seu charme.

O Rio será melhor, passará por mais essa prova com a calma de baiano do sudeste. "O Rio de Janeiro continua lindo" e mais seguro.

"Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro" lutar por liberdade e paz. Estou em paz aqui, como estaria em qualquer outro lugar, não tenho medo, não quero sair daqui; meu coração bate em ritmo carioca: tranquilo.

Um abraço,

Simone.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"O bom humor é uma das melhores peças de vestuário que alguém pode usar na sociedade" - William Makepeace

Bom dia!

Tem muita gente pelada por aí! De uma nudez tão agressiva quanto a miséria humana. Carentes de um coat clássico, elegante, de lã inglesa e corte impecável, os mau humorados acordam com frio e perguntam a si mesmos: o que vai acontecer hoje que me deixará mais mau humorado do que já sou?

É impressionante a ausência de bom humor nos dias de hoje. O povo anda azedo e faz cara feia até para poste: o que esse poste está fazendo na minha frente? Quem colocou essa porra de poste nesse lugar? É capaz do sujeito chutar o poste e quebrar o dedão só pra mostrar sua indignação com algo que não está do jeito que queria. Daí vai xingar no hospital, de porteiros a médicos, vai espalhando seu mau humor e recebendo um tratamento cada vez mais hostil. Lei de ação e reação.

Se você der bom dia no elevador e não ouvir nenhuma resposta, não se irrite; ganhar um bom dia no elevador hoje em dia é tão difícil quanto ser bem atendido por uma compania telefônica. E há aquelas pessoas que acham que você deve andar com dinheiro trocado, como se você fosse um caixa de banco, preparado pra pagar com dinheiro trocado sempre. A cara de raiva da mocinha do caixa de qualquer lugar que você esteja pagando dois reais com uma nota de cinquenta é de chorar de rir. O melhor a fazer nestes casos é ir ao lugar sempre com uma nota de cinquenta ou de cem! E dê a nota rindo, é melhor ainda.

Eu pergunto, toda vez que encontro alguém que descarrega seu mau humor em mim: “Você é mau humorado só às terças (encaixo o dia da semana) ou é todo dia?”. Na maioria das vezes nem recebo resposta, mas alguns me mandam pra aquele lugar e nunca vou!

Em alguns lugares o mau humor é mais presente; aqui no Rio, terra da alegria (rs), o povo anda mais irritado que paulistano em sexta de feriado prolongado, com chuva e passeata na Paulista. Uma cidade linda dessas com pessoas que rosnam mesmo quando você é a mais gentil das pessoas do mundo! Mas tudo se resolve com uma boa gorjeta, propina ou promessa de vantagem. Aqui todo mundo chama Gerson (perdão, meu primo querido e bem humorado, mas o publicitário que fez o comercial do cigarro Vila Rica nos anos 70, escolheu um jogador com teu nome).

Outro dia, chegando de Sampa, peguei um taxi no Santos Dumont. Eu estava com um humor tão bom que irritava! Entrei no taxi, dei bom dia e nada. Falei onde ia e nada. Perguntei: - Faz tempo que está chovendo aqui? E o cara respondeu: - Tá chovendo. Sei que a corrida terminou com: - Me deixa aqui que eu não quero desfrutar mais nenhum minuto da sua companhia. E saí no meio da avenida Rio Branco, há 100 metros do meu destino. Melhor a pé que mal acompanhada!

Aprendi uma música quando era pequena e canto de vez em quando, pra suspresa de quem me ouve: “Alô, bom dia, como vai você? Um olhar bem amigo, um claro sorriso, um aperto de mão. E a gente sem saber como e por que, se sente feliz e sai a cantar a alegre canção”.

E por aí vai! Uma delícia cantar essa música que minha avó querida me ensinou. E ela adorava fazer guerra de tremosso! Ria de perder o fôlego toda vez que acertava um tremosso na testa de um filho, um neto, um genro (estes eram os melhores alvos!).

Tenham um super dia, bem humorado, cheio de graça!

Um abraço,

Simone.

PS: este texto é dedicado a alguém que saberá que foi em sua homenagem!

domingo, 14 de novembro de 2010

"Alguns homens veem as coisas como são, e dizem: por quê?' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo: por que não?" - G. B. Shaw

Bom dia!

Substantivo masculino (deveria ser feminino), são ideias e imagens que perpassam no espírito de quem dorme  e chave da ciência de Freud.  

O dia começa após o acordar de um sonho, todos os dias. Daí em diante o sonho fica etéreo, mesmo que seja um daqueles sonhos coloridos maravilhosos e cheios de significado. Fica lá, guardado na memória por um tempo decidido, mesmo que seja um recorrente, pois será sonhado novamente então não merece ocupar espaço.

Nossos sonhos de realização são diferentes, verdadeiras obsessões, por vezes nos acompanham por uma vida inteira. Sonhos possíveis e impossíveis. Coisas que queremos, estilos de vida que almejamos, passos que podemos dar em direção às aspirações que nos movem. Enquanto não se realiza é sonho ou desejo.

O lado ruim da história é a frustração de sonhos perdidos e esquecidos. Esses corroem e deixam o gosto amargo de uma vida desperdiçada, correndo atrás ou não, restam marcas a pontuar em rugas e doenças nosso corpo e mente. Gente curvada pela vida pouca, pequena ou equivocada.

Pior é não sonhar! Não ter motivo para construir um castelo sonhado pedra a pedra, carregando imensas cargas diariamente e suando as partes da planta desenhada, em um projeto lentamente cumprido e finalizado. É mais natural em nós a realização, senão estaríamos primários em tudo: habitação, alimentação, transporte, ciência, tecnologia, moral e política. Estaríamos de quatro, mais submetidos às leis da natureza e hostilidade do tempo.

Quem sonhou em falar e ver alguém de um lado do mundo, em tempo real? Quem sonha com a cura do câncer e rala nos laboratórios sem deixar de acreditar que irá conseguir? E vão! Vamos! E muito mais! Domar nossos medos, tratar diferenças como vantagens, competir com bolas e não mais com balas. Ter paz de espírito e sorrir para essa vida real, sem sonho guardado. 

Felizes, realizados e confiantes, andamos ou corremos em busca daquilo que nos falta. Nada pode nos conter a não ser nossa falta de sonho.

Um abraço,

Simone.  

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Saudade é uma palavra brasileira

Bom dia!

Sentir falta, pegar-se pensando em momentos como um filme antigo colorido e ter nostalgia de um tempo, fato, pessoa, lugar e situação não é exclusividade de nenhum povo; mas palavra pra isso, só neste pais. Vantagem? Só na língua.

Há saudade boa, aquela que vai embora quando chegamos de onde não queríamos sair. A chata: demora pra passar ou é remotamente reversível. E a pior, sem esperança de findar, granulada na vida e presente, insuportavelmente presente em todas as coisas.

É dor no meio do peito: experimente apertar entre os seios, bem no meio, quando a saudade literalmente apertar. Dói muito, no físico, na alma por vezes insone a buscar a ilusão e imaginação de quebra-cabeça.

Talvez existam tantas canções de saudade quanto de amor. Ou estão nos mesmos versos cantados, chorando abraçadas em alguma esquina boêmia etílica. Ciclica, a filha da puta parece ser mais insistente do que a mendicância urbana. Antes não houvesse a palavra, a memória ou o a parte do cérebro que registra, pois fica, fica, fica.

Um filme pegou o mote e resolveu na ficção o desejo de muitos: apagar da memória aquilo que nos enlouquece. Anote, se já não assistiu: "Brilho eterno de uma mente sem lembranças". Note o título sugerindo que só há luz permanente sem saudade. É verdade. No escuro de nossos cinemas mentais, há saudade demais.

Um abraço de quem chega pra matar a saudade,

Simone

sábado, 6 de novembro de 2010

"O número dos que nos invejam confirma as nossas capacidades" - Oscar Wilde

Bom dia!

Ouvi de alguém esses dias: "Que inveja de morar no Rio".  

Sábado nublado e abafado neste Rio de Janeiro de meu Cristo Redentor. Ontem fez um calor de Saara (e tem um Saara aqui!) e amanhã tem filmagem da saga dos vampiros ao lado da minha casa. Fora o surto de conjuntivite que deu o ar da graça nesse olhinho que nunca havia experimentado tal moléstia. A gripe, veio de Sampa.

E não é que ainda tem gente que sente inveja dos outros?  Quem é que deseja, em sã consciência, ser uma pessoa invejável? Talvez a que mais sinta inveja.

Oscar Wilde deixa isso claro em sua frase, contando e externando os invejosos de sua vida e talento, como se isso fosse confirmação de sua superioridade; muita falta do que fazer, prestando atenção em pessoas frustradas que acham que a vida dos outros é sempre melhor que a sua.

O povo inveja tanto o que o outro tem, quanto o que o outro é; mas não dá para imaginar a realidade de cada um, o que se passa "por dentro" da pessoa, que tipo de medos e tristezas estão veladas numa pretensa felicidade aparente.

Há quem não tenha tempo de pensar nessa bobagem, tentando sobreviver nessa terra hostil. Há quem cague e ande para a vida alheia, porque a sua já é bem intensa. Há quem pense na sua vida como algo consequente, produto de suas ações pregressas. Há quem saiba que a felicidade não está em nada fora de si. Há quem olhe para frente e não se compara a nada.

Tenham um ótimo final de semana. Sem inveja!

Abraços,

Simone.   
             

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mudar é bom !

Boa noite!

Criar raízes é para plantas. Vegetais é que gostam de permanecer no mesmo lugar, com o mesmo solo, luz e estações. O homem é movimento, é invenção, é um organismo em progresso. Mas isso não se revela verdade absoluta.

Não é fácil para a grande maioria sair da zona de conforto, do círculo de proteção que vamos criando e lançar-se ao desconhecido, sem certezas ou determinismo; principalmente se já temos uma certa idade, uma estrutura social e laços fortes com a cidade e seu modus vivendi. É também do homem permanecer, fortalecer-se num mesmo lugar, cercado sempre das mesmas pessoas e emoções.

Conheço gente que muda tanto a ponto de perder-se, como conheço verdadeiras estátuas cobertas de cocô de pombo. O que está certo ou errado? Nem um nem outro. Parar no tempo e não viver a novidade parece desperdício, mas quem pode julgar aquilo que desconhece? Colocar-se na pele do outro é tão difícil e por vezes impossível.

Para mim serve uma coisa e outra; gosto de ficar, gosto de ir, de experimentar e recriar-me quando saio das coisas boas e ruins da vida. Neste momento estou indo e não sei quanto me distanciarei das raízes que deixarei.

Até mais, Sampa!

Um abraço,

Simone.