terça-feira, 25 de junho de 2013

Saudade do Futuro



Estou com saudade do meu futuro.

Dos dias que sorrirei antes de acordar e sorrindo abrir os olhos e ver o dia que eu quero hoje.

Mas estou impaciente e meio demente de tanta saudade do que ainda não sei.

Olha, não saber o ano, mês, dia e hora é foda. Faz a vida ficar meio besta, sem perspectiva; porque você sabe que vai acontecer, mas quando?

Por isso sinto saudade.

Alguns dizem que o melhor é a espera, o mistério, o desconhecido. Concordo, é assim meio masoquista mesmo.

Lembro uma memória desejada e por isso a saudade.

Tenho saudade de sentir a saudade de verdade, de doer nos ossos, nos olhos, no olfato e língua. Porra, que saudade do meu futuro!

É inverno e talvez a saudade do desejo ignore o frio e traga calor para afastar o destino de hibernar na caverna escura e solitária a mim reservada pelo presente. Minhas mãos estarão quentes, prometo.

E se for somente na primavera, paciência. Vale.

O melhor da saudade não é a espera do que mais se espera?


Um abraço saudoso,

Simone

































sábado, 15 de junho de 2013

Alguém





Como começar? Sim, o tema. Qual é?


Cinco minutos depois...


É alguém. O tema é alguém. Quem? Eu? Não! Você? Não, alguém. Quem? Ninguém, todos.


Nasceu com frio, embora fosse verão. Sempre se interessou mais por rir a chorar, todavia era uma manteiga derretida, besta de tão romântica e arrepiava com o Hino Nacional.


Sim, é uma mulher. Quem sou eu pra falar de homem?


Por saber mais de si que dos outros, revelava sua expressão triste de presa fácil quando se fodia. E nada, nem a coisa mais terrível provocavam ódio. Raiva, sim. Ficava com raiva e depois esquecia.


É certo que tenha feito uma porrada de coisa ruim por aí e agora sabe o quanto dói, na pele. Por isso a compreensão das piores humanidades e horrores da vida, do mundo. Tanta resignação é sinal de culpa extrema, mesmo que seja inconsciente. Desculpa, mas não estou aqui pra adular alguém. Assim como todos, tem muitos defeitos.


Andou pelo mundo, mas não tanto quanto queria. Gosta de viajar e ser estrangeira, anônima. Costuma ir aonde ninguém vai para conhecer o desconhecido, mais conhecido por quem vive no lugar. Prefere os caminhos pouco percorridos e se perde, sempre.


Se fosse uma palavra, emoção. Um dia, sábado, um lugar, Sampa. Se fosse música, ópera. Uma coisa, cobertor. É confortável, acolhedora e excelente anfitriã. Gentil, seu sobrenome.


Ter nascido em São Paulo define muita coisa na vida de alguém. Sua ansiedade é proporcional, nunca desmedida e de limites há muito traçados. Mas desgoverna sim, cai de ralar o peito. Treme de dor e medo, se caga toda, sente frio no calor infernal de janeiro (esse mês é meio o acordar do ano, bem preguiçoso). Impaciente nas coisas banais, burocráticas e chatas, ignora a maioria o quanto pode.


Tem limites apenas como meio e não fim. Seus limites tem a ver com invasão e indelicadeza. Sem limite só sua imaginação anárquica, sem disciplina ou método. Cria coisas que não existem e nem existirão, viaja na maionese. Sabe pouco de muita coisa e muito de pouca coisa. Não é mais arrogante, já foi.


Pensa, pensa muito. Demais. E pira. Sente esgotamento de ser o que é e o que vem se tornando, quer fugir. Para e se aninha em si mesma até desenrolar o nó que se deu. Volta quebrada, ferida, suja. Mas volta.


Não vai mais onde não quer fazer o que não quer com quem não quer. Diz não com sinceridade e ninguém insiste porque sabe que não adianta. Fica mais tempo sozinha por que gosta, embora também goste e queira boa companhia.


O sexo tem um lugar especial em sua vida. Usa palavras como dedicação e delicadeza ao lado de intensidade e pegada. Gosta da coisa! Coloca todos os sentidos no amor físico e toda energia no espiritual. Acredita na fusão e troca de forças intensas desde o desejo.
 
Ama arte, principalmente cinema. Tem música na sua vida, como trilha. Sabe um pouco de pintura, adora Caravaggio e Van Gogh. A fotografia revela quanto às imagens são importantes e referências fundamentais, porque ama o belo, o bom, a qualidade e perpetuação do sublime.

Fala palavrão, muito; não xinga conhecido, só estranho e sem que perceba. Não manda ninguém pra lugar nenhum, a não ser no trânsito, na política e no futebol. Sempre gostou de esporte, hoje só vê. E anda de bike.


É difícil amar e conviver com alguém assim, tão cheia de lados e jeitos. Só eu sei.




Um abraço,


Simone

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Delicadeza



A delicadeza. Virtude de valor sem medida, rara e ignorada nesses dias turbulentos de horror e ódio.

Oposto, antônimo, contrário de crueldade, arrogância, aspereza, bestialidade, brutalidade, desatenção, desconsideração, estupidez, grosseria, impolidez, incivilidade e por fim, indelicadeza, óbvio.

Prefiro a educação e desvelo à defesa egóica de posições e razões. Não dispenso mais a atenção recíproca e ouvidos generosos e em meu silêncio consternado, fujo dos gritos sobrepostos e discussões inglórias.

Passo longe da violência gratuita e crueldade infantil. Ainda mais distância guardo da tacanhice estúpida vinda dos inferiores recalques dos sociopatas.

Protejo-me das brutalidades verbais, xingamentos e pragas. Afasto-me da sombra alheia a espreita de uma fresta em meu corpo fechado, agora.

Quero a afabilidade tolerante e inteligente dos que prezam o outro. O respeito por cada ser em uma compaixão constante. Enxergar a ausência de julgamento no olhar que acolhe, considerando as diferenças. Buscar a bondade e humildade no caráter e não nas demonstrações externas artificiais e cheias de interesse.

Penso em dividir, somar e multiplicar na existência rotineira, elevando os momentos à extrema riqueza de emoções. Dormir bem e acordar melhor, sempre. Levar a vida com liberdade madura, estruturada na confiança mútua, na admiração do outro, sem medo.

Quero mãos macias a segurar as minhas e meus caminhos forrados da segurança enorme de quem se ama e sabe amar. Vou sentir a delicadeza no ar, sorrindo para o dia e noite. Gentileza e amabilidade para nos deixar em paz.

A delicadeza é o amor aplicado.

Um abraço delicado,

Simone









terça-feira, 11 de junho de 2013

Crueldade




A pessoa cruel tem prazer no sofrimento do outro e, segundo a American Psychiatric Association, é considerada como distúrbio psicológico, relacionado a desordens antissociais e de conduta.

Peguei a letra de uma música do Herbert Vianna para alicerçar meu discurso:


Saber Amar

A crueldade de que se é capaz

Deixar pra trás os corações partidos

Contra as armas do ciúme tão mortais

A submissão às vezes é um abrigo

Saber amar

É saber deixar alguém te amar

Há quem não veja a onda onde ela está

E nada contra o rio

Todas as formas de se controlar alguém

Só trazem um amor vazio

Saber amar

É saber deixar alguém te amar

O amor te escapa entre os dedos

E o tempo escorre pelas mãos

O sol já vai se pôr no mar



A frase “A crueldade de que se é capaz, deixar pra trás os corações partidos”, foi o mote para escrever.

Hoje as pessoas não tem mais empatia (circuito de empatia pouco desenvolvido) e não pensam que suas palavras e atos podem provocar reações devastadoras no outro. No meu caso, não. Eu ri.

Quando percebi que a intenção era de machucar, de tripudiar, caiu a última ficha e eu só podia rir de tamanha crueldade infantil.

O pior: querer me atingir repetindo padrões! “Todas as formas de se controlar alguém, só trazem um amor vazio”; eu vi a cena se repetir e a anulação frente à nova paixão.

Cara, tem gente que se olha no espelho, mas não vê além do reflexo e continua a repetir padrões, erros e crueldades, claro!

Em contrapartida há muita empatia e delicadeza à minha volta. Eu sei bem o que é a delicadeza de um amor de verdade. 


Mas foi... com Deus!!! (quem é cruel, não acredita em Deus?)

Um abraço,

Simone.





sexta-feira, 7 de junho de 2013

Crítica



Ontem recebi uma crítica pública. No meio de amigos, alguém disse: - Você é ... (me reservo no direito de não me expor mais ainda).

Minha reação seria a de sempre: ouvir e fazer perguntas para saber mais, os motivos da pessoa ter identificado o comportamento em questão. Mas não era o caso de fazer perguntas naquela situação. Então só ouvi e mantive aquela frase na minha cabeça.

Depois da introdução ao tema, vou ao ponto: por que me preocupo com a opinião do outro?

Porque sou muito crítica comigo. Quero ser perfeita porque imagino que o mundo à minha volta está me olhando, medindo minhas atitudes, achando defeitos em tudo o que faço.

É o fdp do meu ego mostrando sua tirania, tentando me proteger. Algo que remete à criação, aos complexos de inferioridade, à falta de amor e um tiranismo sem precedentes.

O problema é mudar!

Quando meu comportamento segue padrões há tempos, não sei por onde começar e tudo parece difícil, impossível.

Preciso identificar a origem do problema, de onde vem, por que é assim... Neste caso não tenho ideia de onde veio e sei que isso vai me atormentar até eu conseguir descobrir.

E lá vou eu pro divã!

Abraços,

Simone

terça-feira, 4 de junho de 2013

Dias de Chuva




Dias de chuva acentuam a saudade.

Retratos, escritos ou qualquer registro não bastam. Nem as pegadas virtuais nem os encontros sem nada de social nas redes sociais. Nada “mata” essa saudade diuturna semanal mensal.

Como imaginar as coisas sem estar junto? É fundamental sentir o cheiro, principalmente o cheiro. O movimento e reações diante do presente, ver a cor exata dos olhos e os sapatos (estes quase nunca aparecem nas fotos). O andar e parar, expressões diante do mundo e de mim. O presente é o melhor dos tempos.

Sim, presente. O tempo certo sempre será o presente se não se quer a saudade.

Sugar os segundos de cada dia e sabiamente exaurir tudo, tudo  o que possam dar... e guardar.

E quando sentir essa saudade chata insistindo em existir, lembrar. Só lembrar e esperar o presente amanhecer.

Um abraço,   Simone