segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

ADMIRAÇÃO !!!!

Admiro-me ainda, incauta e crente novamente. Como se já não houvesse suficiente material e provas cabais de absoluta prescindibilidade há priscas eras. E por que pego-me surpresa pela tacanhice e rasura atual, é inexplicável.

De fato, entrei cega. A sombra reconhecida enredou-se na culpa inglória e julguei-me mil vezes para penitenciar-me e abrir uma porta há muito encerrada, emperrada na vida caótica confusa neurótica, infeliz.

Voltar a um lugar de onde tive de fugir pareceu-me um ato de coragem, resgate e mérito de reverter um erro não cometido. Engano. Havia muito a reparar, tudo estava quase igual. Ou pior. Muita mágoa, frustração, mentiras insistentes, sem delicadeza, sem flores, cinza.

Fechei os olhos e a realidade esvaneceu-se ao meu redor. A absurdos e ignomínias submetida, acatei a penitência humilde, com espírito conciliador, qual pecadora infame. Resignei-me à dor devedora, em falta com a compaixão devida a almas novas.

Falhei. Não consegui manter-me perdida, convenientemente culpada ou em falta. Cessei meu calvário e em digressões cada vez mais frequentes, ausente dos assuntos, rotinas e aborrecimentos, mantinha-me absorta, novamente, em planos de evasão. Flanava a procura de frestas, espaços, brechas e tempo com os olhos pairados no mar.

Tateei nas soleiras uma chave e percebi haver tantas eu quisesse, para qualquer lugar. Eu em casa, minha casa. Despertei com gritos, escândalos por pouco, por nada, por tudo. Houve histeria, agressão e desrespeito. Houve o medo, muito medo. Sem pavio, eterna explosão de limite parco, a praguejar suas desgraças em pranto seco. Vomitando sombras, esqueletos, restos e ossos. Nega-se, convulsionando raiva, espalhando veneno pelos olhos vermelhos, sanguinários.

E vulnerável, estando à mercê de um movimento alheio, prostrei meus argumentos e calei para nunca mais. Esperei estrategicamente o caos ferver a cada grau, enquanto os ingredientes mais funestos eram adicionados, um a um, na caldeira de um alquimista louco desgovernado e sem mestre. A truculência vociferou palavras, palavrões, palavrinhas. Sacudiu os braços revoltando o ar de maresia e sal enquanto o chão molhava-se da saliva ardilosa, de fala ácida, suja e douta.

Muito de mim morreu naquele momento. Absorvi o solavanco abrindo meus plexos e recebi o merecido castigo por não acreditar em vingança. Um soco na boca do estômago sugou minha voz para o colo da minha mãe. Quis chorar de soluçar e engoli o choro de horror. Subjugada e humilhada, em dores incapacitada, largada à própria sorte fui deixada inerte. Abandonada com seus pertences para vigiar, ainda.

Sim, ainda não havia findado o interminável fim. Por horas ouvi minha circulação pulsar descontrolada e suores frios a cada memória fresca, vívida. Na construção sagaz de uma retirada de honra elaborei o ato chamado epílogo.

Quanto mais simples, melhor. Mais fácil, melhor. Mais rápido, melhor. Empilhei tudo num canto só. Pegar e sair. E foi assim. Fim.

Em tempo: já havia postado este texto, mas decidi excluir, julgando-o "pesado demais" para o mote do blog. Mas o mote mudou. Ou mudei o mote para poder postar o que me der na telha, independente de qualquer consequência.
Um abraço,  

Simone

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