segunda-feira, 9 de abril de 2012

Portal

Um dia eu corri, tanto que nem vi por onde passava e nem como cheguei aqui. Fugi covardemente do destino inacreditavelmente difícil, complicado e oposto do imaginado e sonhado.

Encontrei uma porta nos fundos do meu maior medo e saí de cena, como quem pega um desvio errado e tenta voltar ao caminho escrito nos sonhos e nos finais felizes de romances irreais.

Por dez anos acreditei ter sido prudente e sensata, ter feito uma escolha protegida, mas não encarei o espelho quando cheguei em casa. Sabia que veria uma mulher diferente daquela que sempre pensei ser. Fui egoísta, medrosa, fraca, preconceituosa e sem compaixão alguma.

Algumas vezes, o mesmo destino que me fez correr, atravessou meu caminho lembrando o quanto fui covarde. E o pior, ninguém me culpou. Não sei se existe algo tão cruel quanto a culpa solitária. Ser perdoada e ainda receber ajuda de quem menos esperei.

Essa sutileza da vida... Ela esfrega na cara da gente e não adianta adiar, correr ou fingir que não viu. Como aquela placa na estrada que perdi por estar em alta velocidade e distraída das coisas desimportantes, me levou à um país inexistente. Eu entendia uma língua que não falava e, sendo estrangeira, não pertencia ao lugar, exilada na ilusão de um dia ser cidadã.

É maravilhoso ter uma passagem de volta a um encontro que perdi. Ainda guardo a passagem na minha carteira e percebi que a data de volta sempre volta. Muda, dando a chance de ver um sol já nascido, um replay de algo que foi sem ser.

Eu disse: os portais sempre apareceram, sugerindo que o passado na verdade era futuro. Maktub! Estava escrito, predestinado, sina, destino, promessa. Desacreditei tantas vezes quantas foram necessárias, para finalmente descrer no acaso. Causei esse efeito onde a coincidência era fato e o acaso era o presente do meu futuro.

Agora vamos! É hoje! Amanhã e depois de um amanhã Não por ter de ser, mas por ser de ter.

Ter você finalmente totalmente em mim, na minha vida passada, presente e futura. Vamos ver o que o destino nos reserva. Eis a chance! Nossa chance.

Um beijo que sempre foi e será eterno.

Simone.

3 comentários:

  1. Palavras, meras palavras, significantes palavras, dúvida? palavras... Linda cada palavra dessa citação Simone. Adorei!!!

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  2. Qual será o significado destas escolhas que fazemos mas que a vida insiste em perguntar: "tem certeza?"? Esse tal livre arbítrio parece um conceito a ser explorado com mais cuidado.

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