quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

“Tudo depende de como vemos as coisas e não de como elas são” – Carl Gustav Jung



Na minha busca de entendimento das coisas, de mim, das pessoas, chego a Jung e as experiências dos arquétipos: nossas tendências herdadas e armazenadas no inconsciente coletivo determinando nossos comportamentos similares aos dos nossos ancestrais.

Pesquisei e achei tendências conhecidas e básicas: buscar abrigo na proteção do materno, relacionar-se afetivamente com alguém, mostrar uma imagem idealizada de si mesmo aos outros, evitar enxergar o lado negado ou oculto da própria personalidade, ouvir conselhos de uma voz interior sábia, desejar conhecer e explicar o mundo, reconhecer e adotar uma certa ordem na vida, resistir ao impulso da permanência numa certa inocência ou ingenuidade e mais alguns comportamentos.

Cabe uma pequena definição dos arquétipos de Jung: a persona é a máscara para parecermos como desejamos parecer aos olhos da sociedade, atuando como as outras pessoas esperam de nós.

A anima e o animus espelham as características que todos temos do sexo oposto. A anima refere-se às características femininas presentes no homem, e o animus às características masculinas observadas na mulher.

A sombra é a parte animalesca da personalidade, herdado das formas inferiores de vida. A sombra contém as atividades e os desejos imorais, violentos e inaceitáveis, embora também seja responsável pela espontaneidade, criatividade, insigths e emoção profunda.

E finalmente para integrar e equilibrar todos os aspectos do inconsciente, o self dá unidade e estabilidade à personalidade.

Observando a mim e aos outros, percebi a grande importância que damos aos relacionamentos afetivos, desejo de todo ser humano, de todo ser humano! Acasalar e construir sua continuidade pessoal, ampliando sua consciência com a inclusão de outras pessoas em sua vida.

O problema é que essa busca arquetípica toma quase a totalidade da vida da grande maioria das pessoas. Tudo se move nessa dimensão, as alegrias e tristezas sempre estão relacionadas com nossas afeições. Estamos sempre procurando a pessoa certa, a alma gêmea, metade da laranja, chinelo velho pro pé cansado, tampa da panela e outras tantas definições.

Assim, para conquistar o outro, apresentamos uma imagem idealizada de nós mesmos, escondendo o lado negativo da nossa personalidade, evitando parte de si mesmo em detrimento da vida coletiva.

Vivemos o mundo da persona, sem coragem ou sem ferramentas para fundir a personalidade que agregue os dois aspectos. Se assim nos comportamos, os outros também usam das mesmas práticas, isto é, todo mundo esconde o que realmente é por saber-se insuportavelmente humano. Idealizamos o outro, numa atitude de cegueira passional.

Depois de um tempo a máscara não consegue se manter intacta e revelamos quem realmente somos. Os castelos de areia começam a desmanchar pelo vento, pelo mar, pelo tempo. A relação se desgasta e a ilusão se dissipa em culpa e medo. O que nos faz desistir? O que nos faz insistir?

Nossa ancestralidade nos empurra na construção de uma felicidade idealizada. A sociedade impõe comportamentos e seguimos, comuns e normais que somos.

As frustrações nos levam à nova busca, acreditando que encontraremos nosso príncipe, nossa princesa; esquecendo que ainda somos os mesmos, repetindo os mesmos padrões destrutivos e comportamentos ancestrais.

Consciente da necessidade de mudança de padrão, reflito e procuro mudar meu foco. Entro dentro dos meus medos para dominá-los e entender cada vez mais minhas fraquezas.

Sem esquecer que ainda assim, “Tudo depende de como vemos as coisas e não de como elas são”.

Um abraço,


Simone

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