terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Pequeno Dicionário para Pessoas Tacanhas"

Bom dia ou noite, nem sei...

Desanimo porque sei que vou viver muito e perpetuar minha estranheza frontal na tacanhice de gente miúda. Quando penso que já vi tudo, schlap! Lá vem um tapão na orelha a desorientar minhas certezas e prostrar-me diante da ignorância e truculência insensível dos parcos de amor.

Selva inóspita e hostil essa que habito! Vou levando calotes, galopes e lambadas no lombo, shot gelado na veia a esgueirar-se até meu músculo cardíaco vecchio. E congelou hoje. Ficou branquinho, pálido como meu rosto sem cor. Não pude falar nada porque não havia palavras que pudessem ser entendidas.

Faltam palavras no Pequeno Dicionário para Pessoas Tacanhas. Se eu dissesse que fui vilipendiada, teria de explicar. Se fizesse uma analogia sobre o que fazem as naftalinas em armários, perguntariam sobre traças. Mas não eu não falo de inseto e sim de gente que mais parece inseto. Esmago  com a mão, pé ou raquete elétrica. Mato e vejo suas entranhas brancas explodirem na calçada molhada. Barata, de segunda, de quinta.

E pasme, nem desculpa existe nesse léxico! Gentileza, língua morta. Minha língua morreu, não beijará mais; mais nada. Olharei, sem palavras a desperdiçar ao vento norte, morto. Vou baixar noutra freguesia onde minha prosa vire verso e alguém que seja teu inverso reverta a revolta envolta em lágrimas serenas.

Eu sabia, sempre soube e não quis acreditar na natureza bruta. Filha da puta!

Sem abraço, nunca mais.

Simone.   

   

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