domingo, 29 de agosto de 2010

Esquecer de mim.

Bom dia!

A partir de hoje não falarei mais de mim. Chega. Quem se interessa por mim, a não ser eu? Essa verborragia egocêntrica não leva a nada. Posso fazer o mesmo sem publicar, sem divulgar ou explicitar. Falo demais, sempre falei.

Hoje li uma frase de Leonardo Da Vinci, providencial: "A ostra se abre totalmente na lua cheia. Quando o caranguejo a vê, joga uma pedrinha ou alga marinha, ela não pode mais se fechar e serve de alimentação para ele. Tal é o destino de quem abre demais a boca e se coloca, portanto, à mercê de seu ouvinte"

Fui ostra um tempão e abri tanto minha concha que agora será difícil fechá-la. Fui presa fácil, escancarando meus defeitos, minhas dúvidas, meus percalços e desilusões.

Acabou! Falarei de outras coisas, menos de mim. Esqueçam de mim! Não sou interessante o bastante para acreditar no valor das minha vida para qualquer pessoa.

E sendo assim, falarei dos outros. Vou expor os outros. As coisas de outrem, interessantes para a minha vida e de quem quiser.

Hoje o assunto é Maria Callas, a Divina. Nascida  Cecilia Sofia Anna Maria Kalogeropoulou, dia 2 de dezembro de 1923, em Nova Iorque. Para obter dados biográficos mais detalhados, pesquise no Google, que contém farto material sobre a vida dessa mulher absolutamente interessante.

Callas tinha um alcance vocal único, indo de mezzo à coloratura, o que lhe dava flexibilidade de repertório e destaque. Interpretava com uma intensidade carismática e trouxe a ópera de volta à cena, numa época onde as novidades musicais dominavam a mídia.

A mídia explorou a vida de Callas com sua permissão; ela ingenuamente acreditava que estar exposta  propiciava mais alcance à sua arte, quando na verdade o interesse no escândalo e fragilidade da mulher era o objetivo primeiro.

Conheceu o amor físico no armador Onassis, sedutor inteligente, responsável por seu desequilíbrio e descontrole, prejudicando a mulher e a artista. Sofreu por amor, morreu de amor. Optou por ser a outra, ficando disponível aos encontros cada vez mais raros, menores.

O quanto se pode perder quando nos perdemos por amor? Callas foi o que foi e não há lástima que apague as conquistas; pensar no que poderia ter sido se não tivesse sido o que foi é inútil. Pensar: se ela não tivesse se perdido, se não fosse tão perfeccionista, tão visceral, tão intensa, teria um fim diferente. Se não fosse o que foi, não seria Callas. Ela foi o deveria ter sido.

Ouvir Callas interpretando Norma, Tosca ou Medea é ouvir Deus na voz de mulher. E isso basta. Sua vida é coadjuvante diante da voz. Sua beleza e altivez grega era frágil e forte.

Para ouvir Callas não há necessidade de erudição, só amor. O amor na voz conquista os ouvidos menos treinados. Hoje é dia de ouvir Callas, amanhã também. E dia 16 de setembro é dia de rezar por sua alma, que completará 33 anos de ausência neste mundo.   

Uma salva de palmas! Diva, prima donna, La Callas, divina! 

Um abraço,

Simone.   



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